quinta-feira, dezembro 08, 2005

Apocalipse 2

Numa visão mais historicista, poderemos fazer a seguinte divisão do livro:
Apocalipse 1-3: As Igrejas históricas.
Apocalipse 4-19: A descrição simbólica de eventos da história da Igreja.
Apocalipse 20-22: Estado Eterno.
O texto referido no filme de Ingmar Bergman refere-se ao “Sétimo Selo”
(Apocalipse, capítulo 8). Os Selos (capítulo 6), as Trombetas (capítulo 8 e 9) e as Taças (capítulo 16) são 3 séries de juízos. Mas o Sétimo Selo não tem uma descrição factual como os anteriores (sucede o mesmo com a Sétima Trombeta); o juízo deste Selo, são as Sete Trombetas e as seis primeiras Trombetas têm os seguintes juízos: tempestade de granizo que destrói 1/3 da vegetação; meteoro (?) que destrói 1/3 da vida marinha; meteoro (?) que envenena 1/3 da água potável do mundo; redução parcial da luz solar e estelar; hostes/exércitos demoníacos atormentam os homens por 5 meses; exército sobrenatural mata 1/3 da população da terra.
Para alguns autores, o Sétimo Selo conterá as duas últimas séries de juízos (Trombetas e Taças). Neste sentido, estende-se do capítulo 8 ao 18 e assume grande relevância. Os anteriores 6 selos têm os seguintes descrições: aparição do anticristo; guerra em escala mundial; fome em escala mundial; morte de ¼ da população da terra; orações imprecatórias dos santos mártires da Tribulação; terramoto gigantesco e distúrbios cósmicos.

O Sétimo Selo é, portanto, parte do juízo de Cristo e insere-se no contexto maior da descrição da vitória de Cristo sobre o sistema mundial oposto a Ele e o seu triunfo final sobre a impiedade. No livro de Apocalipse, a revelação de Cristo como Soberano e Juiz de todo o mundo exige submissão e adoração a Ele. Esta é a mensagem principal do livro, na qual se inserem os juízos, e, mais especificamente, o Sétimo Selo.

Quanto à proximidade que o livro mantém para as gerações que já o leram,
deve-se muito provavelmente ao próprio movimento da História, algo cíclico. A vivência dos leitores iniciais e seguintes é um espelho, pálido, talvez, das situações escatológicas narradas. O livro é composto por pontos de vista mais próximos ou identificáveis e outros mais distantes dos leitores. Tempos de guerra/perseguição e pestes/catástrofes são sempre mais próximos com estes tempos finais, narrados em Apocalipse.
Nos dias de hoje, creio que as sucessivas e constantes catástrofes de ciclones, assim como o possível controlo de um só governante mundial, nos aproximam mais desta narração do Apocalipse. Pessoalmente, creio que o mundo viveu apenas imagens do que virá.
Bergman realizou este filme, próximo da Segunda Grande Guerra, o que poderá tê-lo aproximado das profecias de Apocalipse mas, no entanto, ao contrário do livro de Apocalipse, existe algum pessimismo no filme que é inclusive reforçado pelo final em que Jof, Mia e Mikail dão um certo “ponto de luz”, com algum distanciamento de todo o filme!

Paulo David Carvalho