terça-feira, novembro 15, 2005

Suzhou River 1: O posmodernismo chinês


Quem me conhece de outras disciplinas sabe que as alterações ao programa – ou, pelo menos, à sequência inicial dos seus diversos módulos – costumam ser mais do que uma simples excepção. Tais alterações não resultam, evidentemente, de qualquer capricho, mas do modo como decorre o trabalho nas aulas e das questões que se levantam durante a discussão alargada das obras. É assim que surge, depois de Lynch, o primeiro (não asseguro que seja o último) filme não programado.
Trata-se de uma obra de 1999, realizado por Lou Ye, cineasta da 6ª Geração chinesa. O filme, distribuído internacionalmente em 2000, não foi ainda, que eu saiba, exibido no nosso país e o título português que proponho, O Rio do Amor, corresponde à tradução do título francês, La Rivière de l’Amour. Em inglês, é conhecido por Suzhou River.
Conheci-o graças à leitura, e posterior arguição, de uma tese de mestrado. Intitula-se Postmodernism with Chinese Characteristics: Media and Politics in the Cinematic Images of the Post-New Era e foi apresentada por Marco Aurélio de Oliveira Jesus à Universidade de Aveiro, sob a orientação de João Mário Grilo. Nela se analisa a fase actual de desenvolvimento da sociedade chinesa, desde o fim da revolução cultural. Este período, definido pelo autor da tese como um posmodernismo de características particulares, merece um estudo profundo, que a universidade portuguesa, de um modo geral, não parece interessada em fazer. Saúda-se por isso o trabalho do autor e a Secção Autónoma de Ciências Políticas, Sociais e Jurídicas da Universidade de Aveiro.

Abílio Hernandez